Aprendizado e acesso: lições para uma boa relação entre empresas e startups

Érico Fileno
3 min readMar 7, 2020
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Muito se fala do pavor de grandes empresas com a ascensão das startups ao posto de principais condutoras da inovação nos mais diversos campos de atuação, da medicina à pesquisa espacial, passando pelo setor financeiro. Seria como uma sentença do tipo: “prepare-se, a sua hora vai chegar!” Mas é preciso relativizar o pânico. Sobretudo porque corporações estabelecidas entre as maiores do mundo também foram extremamente inovadoras em sua origem e posterior desenvolvimento. E as startups, por sua vez, estão ávidas por conhecimento. Por isso, ao falarmos da relação entre startups e grandes empresas, o mais correto seja utilizar os termos “acesso” e “aprendizado”.

Uma via de mão dupla, onde não há espaço para ameaças e toma lá da cá. Da mesma maneira que uma empresa presente há décadas no mercado precisa buscar novas maneiras de seguir inovadora, uma startup, ao se conectar em uma estrutura complexa e desenvolvida, ganha habilidades que levaria anos para conquistar. É claro que na prática essa relação entre corporações e pequenos empreendedores não é tão simples e precisa ser constantemente aperfeiçoada.

Como head de inovação da Visa e responsável pelo Programa de Aceleração da empresa, já em sua segunda edição e com a meta de acelerar 30 empresas em 2018, tenho acompanhado as duas pontas dessa relação. E o aprendizado é contínuo, seja para a empresa que quer se conectar com startups, quanto para os empreendedores em busca de inovação. Listo a seguir cinco dos mais importantes que tivemos em nosso primeiro programa como como observadora privilegiada do ecossistema. Valem tanto para empresas como empreendedores.

A mudança é para todos: aplicar mentorias internas entre os funcionários, para reforçar a ideia de que a responsabilidade e busca por inovação compete a todas as áreas e departamentos, amplia o potencial disruptor de uma empresa.

Sem pressa para investir: é preciso reforçar a base do ecossistema antes, para depois começar a pensar em investimento. Até mesmo por esse não ser o momento adequado. O resultado: quando optamos por não exigir participação acionária das startups inscritas no programa, percebemos que isso tira um peso do empreendedor e o engaja ainda mais a buscar parcerias conosco.

Imergindo na meca da inovação: além de ser a base de parte significativa das empresas mais inovadoras do mundo, ter contato com investidores, aceleradores e outros atores do mercado do Vale do Silício amplia os horizontes dos empreendedores. Ali, durante um mês, deixa de se pensar localmente e a meta passa a ser validar seus produtos em um mercado praticamente global.

Valorize a comunidade: bater o bumbo para mostrar seus resultados é a última etapa de um programa de aceleração e por isso mesmo tem grande importância. Ao realizar um DemoDay bem estruturado, automaticamente comunica-se a importância que a empresa dá à inovação para toda a comunidade, formada por clientes, fornecedores e parceiros.

O pós é fundamental: de nada adianta trabalhar com as startups e integra-las ao universo da empresa apenas durante a aceleração. O pós-programa se mostra igualmente essencial para o desenvolvimento de produtos e soluções com a empresa e seus clientes. Hoje, muitas das startups que aceleramos em 2017, estão rodando com soluções na Visa e em nossos clientes, bancos emissores ou credenciadoras. Por isso, intensificar o período de aceleração pode ser uma boa alternativa para maximizar os resultados do programa.

Original em: https://www.visa.com.br/mais-visa/sobre-a-visa/nova-sala-de-imprensa/aprendizado-e-acesso-licoes-para-uma-boa-relacao-entre-empresas-e-startups.html

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Érico Fileno

Designer & Educator, +25 years of experience in several Fortune 500 companies. Pioneer in Design Thinking, UX, Service Design, and Interaction Design.